6 de maio de 2013

Assim nasce um infiel

- Mas porque esse interesse? Você não gosta mais dela?
- Não me entenda a mal, eu amo ela. É só que... Estou envelhecendo eu...
- Mas você tem somente 32 anos.
- Eu sei, a verdade é que...
- Diga.
- Ora, veja bem a situação. Você tem 20 anos, é alta, linda, tem um sorriso maravilhoso, olhar penetrante, simpática. Você é cheia de vida, atrapalhada e segura ao mesmo tempo e na sua juventude ávida por aprender me procura.

E eu vou seguindo com minha vida achando que você vai desaparecer, vai sair com suas amigas, com seu namorado, enfim viver sua vida. E de repente você reaparece. Você me procura como uma mariposa procura o fogo. É daí que tudo vira de pernas para o ar.

Desde o começo eu achei você bonita, mas não passava disso, só cumprimentava e você retribuía com um sorriso cordial. De repente começou a agir diferente, ficar com a bochecha vermelha quando me via, falar cochichando no meu ouvido, sorria sem motivo. Eu tentava disfarçar. Você não. E agora vem com esse ar de julgamento?

- Eu não estou te julgando.
- Não diretamente, mas esta implícito nas suas perguntas, no seu olhar.
- O que tem no meu olhar?
- É um olhar de critica, julgamento, mas ao mesmo tempo... Não sei dizer...
- De apaixonada?
- ...
- Sim, é verdade, eu estou apaixonada por você. Me sinto mal por ela, mas não consigo mais esconder. Diga agora você também.
- Eu... Não sei. É tudo tão confuso, repentino... Errado.
- Diga logo.
- Eu não consigo deixar de pensar em você. Meu Deus.
- Não se preocupe. Eu também sinto isso.
- O que vamos fazer?
- O que você acha seu bobinho?


Guilherme Palma
Publicado originalmente em 10/02/2010

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